A curvatura na guerra

agosto 24, 2018

A curvatura na guerra

A curvatura da Terra como coadjuvante em ataques aéreos.

Quando surgiram os primeiros mísseis de superfície em 1967, estes inauguraram uma nova era no desenvolvimento de armas navais e a reformulação da estratégia naval em todo o mundo.

Iniciou-se a utilização da tática de Sea skimming, cujo desenvolvimento se deu por conta do aproveitamento da ocultação de aeronaves aquém do horizonte, aproveitando-se do limitado alcance dos radares. Voar baixo retarda sua detecção pelo inimigo, a menos que o inimigo tenha um radar no ar.

Partindo desse principio, os russos desenvolveram uma aeronave cuja principal característica era apenas e somente sobrevoar poucos metros acima da linha d'água.
Aos 47 segundos do vídeo abaixo vemos o relato da utilização do Ekranoplan em ataques com mísseis:

A tática de sea skimming foi amplamente utilizada na guerra das Malvinas, sendo os ataques aos navios ingleses, pela força aérea Argentina, estudados em todas as academias aeronavais do mundo.

O ataque ao HMS Coventry e ao HMS Broadsword, em 1982, foi épico, os A-4 Skyhawk voaram a apenas alguns metros acima da água para evitar a detecção radar como mostra a seguinte fotografia histórica, retratando o capitão Pablo Carballo (à esquerda) e o Tenente Carlos Rinke (à direita) atacando a HMS Broadsword.

Utilizando-se de mísseis de superfície, cuja trajetória baixa os oculta dos radares, fizeram com que os ataques fossem bem sucedidos.

Dos mais famosos ataques ocorridos, o naufrágio do HMS-Sheffield durante a guerra das Malvinas foi o principal motivo que levou a Marinha Inglesa a reformular suas operações de defesa.

Na manhã de 4 de maio de 1982, o sofisticado destróier Tipo 42 HMS Sheffield (D80) da Royal Navy, foi atingido mortalmente pouco acima da linha d’água por um míssil AM39 Exocet, lançado por um jato Super Étendard da Armada Argentina.

O navio de escolta britânico atuava como “piquete-radar” e era responsável pela defesa antiaérea de área de unidades maiores da FT britânica, cujo principal objetivo era a retomada das Falklands com um desembarque anfíbio.

Mesmo sendo equipado com um radar de busca aérea de longo alcance e mísseis antiaéreos Sea Dart capazes de atingir um alvo a pelo menos 20 milhas de distância (37km), o Sheffield não conseguiu detectar a aproximação de dois jatos Super Étendard, nem se proteger do míssil Exocet. O fantasma da vulnerabilidade de navios de escolta ainda está presente hoje, apesar dos avanços tecnológicos. A causa disso é uma limitação natural: a curvatura da Terra.

No inquérito sobre o naufrágio do HMS Sheffield, levado a cabo pelo Reino Unido, podemos verificar que um infinidade de situações foram questionadas, desde as condições dos equipamentos até o plano de defesa, enfim, um detalhado relatório investigativo.

Nas recomendações dessa investigação encontramos os seguinte texto na página 10:

"Improvements in self defensive capability against the sea skimmers are urgently required."
http://www.admiraltytrilogy.com/read/BOI_Rpt_HMS_Sheffield_May82.pdf

Métodos anti sea skimmers

Novas tecnologias surgiram para evitar o ataque furtivo de superfície, Em um cenário de crise, uma Força Aérea precisa ver mais, precisa estender o horizonte para poder cobrir vastas áreas rapidamente. É preciso superar o desafio da curvatura da Terra, detectar, identificar e emitir as ordens corretas.